Exportadores brasileiros de carne comemoram redução de tarifa: 'Estava fazendo falta exportar para os EUA'
Estados Unidos revogam tarifas de importação sobre alguns produtos
Exportadores brasileiros de carne consideraram positiva a decisão dos Estados Unidos de reduzir a tarifa para este e outros produtos alimentícios. O setor de frutas, por outro lado, expressou preocupação com produtos que não foram contemplados pela medida.
Segundo a ordem publicada nesta sexta-feira (14) pelo presidente Donald Trump, a compra de produtos brasileiros pelos EUA passa a ter uma sobretaxa de 40%, em vez de 50%.
Num primeiro momento, os exportadores brasileiros tiveram dúvidas sobre o tamanho da redução. Posteriormente, o Ministério da Agricultura esclareceu que a ordem abrange a taxa de reciprocidade, imposta por Trumo a diversos países, em abril. No caso do Brasil, ela era de 10%.
Mas continua valendo a sobretaxa de 40%, divulgada pelos EUA em julho, para produtos brasileiros, segundo o governo. No fim da noite, Trump afirmou que não vê necessidade de novas reduções.
Café, carne, manga: veja todos os produtos com tarifa reduzida
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) comemorou a mudança.
"Os Estados Unidos são o nosso segundo maior mercado para exportação de carne bovina. E estava fazendo falta exportar para os EUA em um volume adequado", afirmou o presidente da Abiec, Roberto Perosa, à GloboNews.
"A medida reforça a confiança no diálogo técnico entre os dois países e reconhece a importância da carne do Brasil, marcada pela qualidade, pela regularidade e pela contribuição para a segurança alimentar mundial", disse a Abiec, em nota.
"A redução tarifária devolve previsibilidade ao setor e cria condições mais adequadas para o bom funcionamento do comércio".
Segundo o governo americano, a redução vale para mercadorias importadas e retiradas em armazém desde a última quinta-feira (13).
Uva fica de fora
O embaixador Celso Amorim, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, classificaram a medida anunciada pelo governo de Donald Trump como uma boa notícia, mas ressaltaram estarem atentos também aos itens que entraram no tarifaço e ainda não foram flexibilizados.
A Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) viu a medida como "um avanço relevante para o setor", mas diz que se preocupa com "o fato de a uva, segunda fruta brasileira mais exportada para os EUA", ter ficado de fora da lista das exceções.
"A exclusão ocorre em um momento sensível: no 3º trimestre deste ano, as exportações de uva para os Estados Unidos registraram uma queda de 73% em valor e quase 68% em volume em relação ao mesmo período de 2024, evidenciando os desafios enfrentados pelos produtores e exportadores nacionais", disse a associação.
Café esperava tarifa zero
O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) divulgou, na última quarta-feira (12), que representantes da indústria cafeeira dos EUA informaram que a Casa Branca avaliava retirar as tarifas sobre o produto brasileiro.
Brasil e os EUA vinham articulando, nas últimas semanas, uma flexibilização do "tarifaço". A negociação ganhou força com um encontro entre Trump e o presidente Lula, em outubro, na Malásia.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, e o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, se encontraram na última quinta (13) para discutir o assunto.
Após a reunião, o brasileiro disse que esperava uma resposta dos EUA nos próximos dias sobre um "mapa do caminho" para nortear negociações.
O café estava na seção 3 da ordem executiva assinada por Trump, que inclui recursos naturais não produzidos pelos EUA. O objetivo do Cecafé era que o produto passasse para a seção 2, que permite a importação com tarifa zero.
Até a última atualização desta reportagem, a associação não tinha comentado o fato de que as taxas foram reduzidas de 50% para 40%, e não zeradas.
O peso do Brasil
O país é o maior fornecedor de café para os EUA e um dos principais de carne, produtos que estão sobre forte inflação no mercado americano, o que pressiona Trump.
Desde que o tarifaço de 50% entrou em vigor, em agosto, as vendas de café e de carne para o mercado norte-americano foram bastante reduzidas.
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Ministro da Agricultura comemora redução das tarifas para produtos agrícolasFONTE: https://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2025/11/14/repercussao-reducao-tarifas-estados-unidos.ghtml