Tarifaço de Trump: apesar de nova lista de exceções, dois terços das exportações não estão isentas, diz CNI
21/11/2025
(Foto: Reprodução) Oliver Stucker analisa EUA zerarem tarifaço sobre produto do Brasil
Com a nova lista de produtos brasileiros isentos da tarifa de 40%, cerca de 37% das exportações do Brasil aos Estados Unidos — que responde por cerca de US$ 15,7 bilhões — passam a entrar no mercado americano sem a cobrança extra. A avaliação é de Frederico Lamego, superintendente de Relações Internacionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), com base nos dados de 2024.
Mesmo assim, 63% dos embarques seguem sujeitos às tarifas ampliadas em julho, sobretudo os do setor industrial.
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Lamego classifica o efeito da medida como misto e afirma que as negociações entre Brasília e Washington entram agora em uma fase decisiva.
“A ordem publicada ontem complementa a de 14 de novembro, ampliando para 238 o número de produtos isentos da tarifa adicional de 40%”, afirma.
A lista inclui café, carne, frutas, castanha-do-pará, fertilizantes e insumos agrícolas (veja mais abaixo). Apesar desse avanço para parte do agronegócio, Lamego destaca que a maior parte dos bens manufaturados permanece sob o tarifaço, enfrentando barreiras relevantes no mercado americano.
“Máquinas e equipamentos, móveis, couro, calçados, aviação, alguns óleos, cera de carnaúba e minerais como a vermiculita seguem enfrentando custos adicionais para entrar no mercado americano”, ressalta Lamego.
Além disso, ele lembra que a aviação, por exemplo, opera com alíquota de 10%, desvantagem relevante frente ao acordo que zera tarifas entre EUA e União Europeia.
Avanço nas negociações
Ainda assim, o superintendente destaca que a menção às negociações com o Brasil — a primeira desde o tarifaço de julho — representa um sinal diplomático relevante.
“O gesto indica boa vontade de Washington para avançar nas tratativas e também reflete a preocupação do governo americano com a inflação interna — que pressiona por soluções que reduzam custos de importação.”
Ao comentar a possibilidade de buscar novos mercados diante das tarifas, Lamego observa que, para diversos segmentos industriais, o impacto vai além do aumento de custos.
Isso porque produtos regulados, como máquinas e equipamentos, nem sempre podem ser facilmente redirecionados para terceiros mercados. “O que dificulta o escoamento, reduz margens e enfraquece o poder de negociação das empresas”, diz.
O superintendente afirma que a CNI prepara um estudo para mapear se os setores afetados estão conseguindo compensar perdas por meio da realocação de vendas.
Além disso, ele reforça que o governo brasileiro está empenhado em buscar uma solução, e que os EUA esperam uma proposta robusta, que vá além da discussão tarifária.
“A CNI apresentou ao governo brasileiro, há cerca de duas semanas, uma proposta de subsídio para mitigar os efeitos mais urgentes enquanto as negociações avançam”, afirma.
Lamego reconhece que iniciativas como o programa "Acredita Exportação" podem trazer algum alívio, mas reforça que se trata de uma resposta temporária. “Embora o plano ofereça um respiro, o mais importante é que as negociações avancem o quanto rápido para que a questão seja resolvida de forma definitiva.”
Produtos brasileiros sob tarifaço dos EUA
Exceções desde o início (30/jul)
🧃 Suco de laranja
✈️ Aviões civis
⛽ Combustíveis
🧪 Fertilizantes
⛏️ Minério
Retirados da lista (20/nov)
🥩 Carne bovina
☕ Café
🍵 Chá
🍅 Tomate
🍐 Frutas
🥤 Sucos
🍫 Cacau
Seguem taxados
🏭 Máquinas
👟 Calçados
🪑 Móveis
🍯 Mel
🐟 Pescados
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Divulgação/Abimci