Trump aumenta para 80 mil toneladas cota de importação de carne bovina da Argentina com imposto reduzido
23/10/2025
(Foto: Reprodução) Preço da carne bovina em um supermercado dos EUA.
AP Photo/Nam Y. Huh
O governo do presidente dos EUA, Donald Trump, quadruplicou a cota de importação de carne bovina argentina com tarifa reduzida, disse uma autoridade da Casa Branca nesta quinta-feira (23).
Com o aumento, 80 mil toneladas de carne da Argentina vão entrar nos EUA pagando menos imposto. A cota, até então, era de 20 mil toneladas.
A medida tem o objetivo de reduzir os preços da carne bovina nos EUA, que atingiram níveis recordes devido a uma diminuição do rebanho bovino do país e à forte demanda dos consumidores.
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Da Argentina, o presidente da Câmara da Indústria da Carne (CICCRA) comemorou a decisão de Washington.
"É uma boa notícia para o setor. A carne bovina argentina é altamente valorizada nos Estados Unidos e tem ótima reputação. A Argentina está reconstruindo sua cadeia de distribuição nos Estados Unidos", disse Miguel Schiariti, presidente da CICCRA, à Reuters.
Schiariti explicou que a Argentina exporta para os EUA tanto cortes nobres como carne para as indústrias de hambúrgueres.
Em 2024, os Estados Unidos importaram cerca de 33 mil toneladas de carne bovina argentina, o que representou 2% do total de importações, segundo dados do governo.
A Reuters contatou o Ministério da Agricultura argentino, mas o ministério indicou que não comentaria neste momento.
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Medida irrita criadores de gado dos EUA
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) anunciou na quarta-feira um plano para expandir o rebanho bovino doméstico e apoiar os criadores de gado americanos.
A secretária de Agricultura, Brooke Rollins, declarou ao programa “Mornings with Maria”, da Fox Business Network, que o governo estava trabalhando para apoiar tanto os consumidores de carne quanto os pecuaristas.
Mas o aumento das importações irritou os criadores de gado dos EUA, que em sua maioria apoiaram Trump em suas campanhas presidenciais.
Eles afirmaram que o governo deveria apoiar os produtores norte-americanos e que o aumento das importações ameaça seus meios de subsistência.
Os agricultores também ficaram irritados com o acordo de swap cambial de US$ 20 bilhões entre Trump e a Argentina, enquanto perderam espaço para o país sul-americano nas vendas de soja para a China.
“Um acordo dessa magnitude com a Argentina minaria os próprios alicerces da nossa indústria de gado”, disse Justin Tupper, produtor de gado da Dakota do Sul e presidente da Associação de Pecuaristas dos Estados Unidos.
Rollins declarou à Fox Business: “Há frustração dos dois lados. E estive com o presidente ontem, e ele está muito, muito frustrado por tudo o que fez para reduzir impostos, baixar custos.”
Economistas disseram que a estratégia do governo provavelmente não terá muito efeito em reduzir os preços rapidamente.
O rebanho bovino dos EUA caiu para o menor nível em décadas após uma seca que devastou as pastagens usadas para o pastoreio e elevou os custos de alimentação, forçando os pecuaristas a reduzir seus rebanhos.
Parlamentares de estados rurais estão preocupados
O líder da maioria no Senado, John Thune, da Dakota do Sul, republicano, disse a repórteres nesta quinta-feira que está preocupado com a política da Casa Branca sobre a carne argentina e espera influenciar sua implementação.
“Estamos acompanhando isso de perto e temos mantido contato com a Casa Branca, o Departamento de Agricultura e o representante comercial dos EUA sobre toda essa questão, tentando entender para onde isso está indo”, disse Thune.
O também republicano Adrian Smith, deputado por Nebraska, disse em um comunicado na quarta-feira que também estava preocupado com as importações.
“Políticas e declarações que influenciam indevidamente e enfraquecem o mercado doméstico de gado ameaçam nossa segurança alimentar e não são úteis”, afirmou Smith.
Nebraska é um dos principais estados de produção pecuária.
A porta-voz da Casa Branca, Anna Kelly, disse que Trump havia prometido proteger os pecuaristas e oferecer alívio econômico para os americanos comuns.